quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PEDÓFILIA NA NET - mais um Alerta

Fisheye SeascapeImage by James Loesch via Flickr

Recentemente tive conhecimento de dois casos de amigos meus, cujos filhos foram aliciados pelas redes de pedófilos que proliferam na Net. Felizmente não houve problemas, embora num dos casos o jovem estivesse quase a ser aliciado. Valeu-lhe a perspicácia da mãe que sem razão aparente – mas graças a um seu 6º sentido, ou pressentimento de perigo, ou á percepção subliminar de Mãe – resolveu “espiar” as conversas do filho no Hi5 e Msn, descobrindo, deste modo, a malha que o começava a envolver.
O segundo caso, graças à relação e ao diálogo próprios daquela família, foi a jovem quem deu o alerta aos pais, que agiram e aparentemente debelaram a tentativa de aproximação.
Por isso resolvi, também, deixar umas palavras de alerta e de preocupação, aqui neste espaço.
Os episódios aconteceram em período de férias, talvez por haver mais tempo para “navegar” num PC e na Net, mas poderia acontecer em qualquer outra altura do ano. Hoje em dia o perigo já não está só na rua, muitas vezes já paira dentro da própria casa, no espaço reservado do quarto dos nossos filhos.
E tudo começa, como começa qualquer diálogo na Net, como o exemplo que se segue que retirei da revista Visão, mas por certo é o mais comum dos textos entre jovens:
– «Oi. Teclas?»
– «Ok. Cm xamas?»
– «António. Tu?»
– «Diana.»
– «És mt gira!»
Este pode ser o mais banal inicio de um caso de abuso sexual, ou o isco para o enlace nas malhas da pedofilia.
Referem os especialistas que a escolha da vítima se faz nas visitas a sites como o Hi5, o MySpace, Facebook, Twiter… a que se segue a troca de mensagens pelo MSN que irão mesmo evoluir para as mensagens mais particulares no telemóvel.
E não se pense que é fácil de identificar uma tentativa de intromissão! O “predador” usa linguagem que encaixa na perfeição na onda juvenil, abreviada, simples, com recurso frequente ao elogio, mostrando-se sempre empático e compreensivo quando o assunto da conversa é a relação com os outros, em particular com os pais… e deste modo se vai construindo uma “relação de confiança” que leva a pedidos para se conhecerem melhor, a conversas mais particulares (troca-se o numero do telemóvel) e nelas começam surgir novos vocábulos, normalmente de conotação sexual inocente para testar o caminho e criar bases para avançar mais.
O primeiro contacto mais “físico” passa pela troca de fotos - normalmente falsas do lado do “predador”, mas podem ser verdadeiras quando se trata de um individuo mais jovem, mutas vezes aliciado para o efeito, e/ou já fazendo parte da rede – havendo um rosto há uma maior personalização da relação e o/a jovem começa a gostar da companhia à medida que o tempo passa.

S T O P !!!!!!Image by Caleb Lost via Flickr

Passo seguinte… mais uma das facilidades tecnológicas… a Webcam que torna o virtual mais próximo do real e a intimidade começa a deixar de o ser. Pela confiança na relação assim criada, um quase namoro, o jovem começa a ceder a pedidos inocentes, “apenas por brincadeira”, como executar poses mais ousadas, expor um seio, a coxa ou algo mais atrevido.
ALERTA VERMELHO!! Agora, mesmo que o/a jovem se aperceba, pode ser demasiado tarde para recuar sem consequências; o pedido de encontro surge – “Se não vens ter comigo, coloco as tuas fotos na Internet” – e o amigo virtual afinal tem mesmo um rosto, habitualmente bem mais velho…
Tudo o que parecia a construção de uma bonita relação de amizade (ou algo mais) começa a desmoronar pelo peso das ameaças que se seguem, revelando uma mentira muito bem ensaiada e montada!
Muitos pensarão: Mas afinal qual é o jovem suficientemente tolo para mostrar ou ceder fotos suas nuas? Eu próprio fiz uma visita por páginas do Hi5 e outras semelhantes, e deparei com exemplos bem comprometedores. Colegas meus fizeram-se passar por adolescentes em diálogos com os próprios filhos (sem o conhecimento destes) para lhes provar que é muito fácil serem enganados ao ponto de fazerem o que os "agressores" lhes pedem, inclusive a disponibilização de fotos de nudez.
Os exemplos são muitos na comunicação social, em testemunhos de vítimas e mesmo no nosso círculo de amigos… No entanto os jovens continuam a “cair que nem patinhos”.
Razões? Nalguma medida a deterioração da relação familiar, do núcleo familiar, a separação pais e filhos a falta de diálogo e comunicação… Mas também, e em grande medida, a inexperiência do jovem, o gosto pelo desconhecido, pela novidade, pelo risco; a necessidade constante do jovem conhecer e fazer novas relações.
Estão aqui os ingredientes para que qualquer pedófilo, em poucas semanas, consiga captar a curiosidade dos jovens de modo a concretizar um “encontro”. O perverso é que um dos intervenientes julga que sabe onde vai e o outro sabe mesmo porque e para o que vai.
Fica um exemplo que circula em vários meios e comunicação revelado pela PJ: “Após receber uma mensagem anónima no telemóvel, por brincadeira(?),Maria, 12 anos, começou a responder. Poucos dias depois, já tinha dito o nome, a idade e em que escola andava. Mais Tarde, numa data acordada, Maria esperava um rapaz pouco mais velho do que ela. «Vou ter contigo e damos uma volta de carro.» Ela aceitou. Acabou violada num descampado, à beira-rio, por um homem com cerca de 40 anos".
Claro que hoje os jovens conhecem bem estes riscos, o que deveria ser suficiente para se defenderem, mas o certo é que, com muita frequência, continuamos a ouvir as mesmas noticias. Isto leva a crer na ingenuidade (nalguns casos) e no vício/dependência pela Internet como facilitadores deste fenómeno.
Há um evidente desequilíbrio, nos jovens, entre a experiência técnica e a experiência de vida, que pode ser para ele, Adolescente/jovem, a diferença entre o início de uma vida sexual feliz ou traumática. Ou mesmo entre a vida e a morte.
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